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Escuridão






É noite, ouço nitidamente os grilos, o sereno molha minha pele e mesmo assim, nada me comove.
   Parada, intacta no meio daquele escuro matagal.
   De repente ouço um barulho estranho seguido de um vulto, entre os arbustos e é este fato que me desperta.
  Ao me virar, silêncio. Novamente olho para trás e começo a sentir meu coração pulsar, são batidas rápidas, em contraste com a minha respiração, sinto uma angustia, um mal-estar que me toma o corpo todo.
  Penso estar sendo seguida, corro o mais rápido que eu posso e quando já não tenho mais forças, caio tonta no chão.
  Levo alguns segundos para recuperar os sentidos e quando olho ao redor, percebo estar em um local sombrio e visivelmente precário (teia de aranha pelos cantos, mofo nas paredes e manchas de sangue por toda a parte).
   Meus pés e minhas mãos estão amarrados, minha boca amordaçada e com uma sensação terrível de que nada acabará bem.
    Enquanto meus pensamentos me afligiam, comecei a ouvir um som, cuja sua origem se dava no fundo do corredor.
    Era uma música com notas graves, pesadas, mas que de alguma maneira se harmonizavam com a minoria de notas agudas que ali existiam, isso com o simples dedilhar nas teclas do piano. Sua melodia era tão melancólica e ao mesmo tempo tão bonita, me fazia pensar no instrumentista que a tocava e no porque eu estaria ali, presa por ele, sendo vitima de sua crueldade.
    Ao fim da canção, ouço seus passos vindo em direção a mim, a porta abre com um rangido enlouquecedor. Ele olha por alguns segundos para mim, mas nada fala, desvia o olhar como se tivesse sido golpeado, pega correntes, coloca em volta de minhas mãos e pés, reforçando para que não haja a remota hipotese de fuga e me arrasta pelo corredor em direção a uma sala escura.
   Ao entrar, me prende em numa maca, começa a observar cada parte do meu corpo, pega algodão, álcool, limpa minuciosamente cada região, pega seus instrumentos de tortura e no seu momento de maior prazer, um tiro atravessa seu peito.
     Depois de alguns minutos mal podendo respirar, com minha boca tapada por uma fita adesiva, tomada pelo desespero, sinto minha vista escurecer e num instante escuridão total. 
    Meu psicológico desde então não é o mesmo, psicologicamente abalada sinto seu espirito me rodear como se quisesse terminar o que não havia conseguido, com tamanha fúria que de minha garganta exala um grito.
     Os enfermeiros me dopam até que decadentemente eu chegue ao fim.

    
     

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